Lendo Contos #2: Restos do Carnaval - Clarice Lispector
E aí galera, como está a empolgação de vocês com o
feriado? Carnaval é uma festa bonita, cheia de cores, música e
pessoas alegres tocadas pelo rítmo dos trios elétricos e dos
instrumentos das escolas de samba. Para não passar em branco esse
acontecimento especial que já faz parte da identidade do Brasil,
busquei analisar um conto que acredito ser um dos mais
representativos acerca da energia e da magia do carnaval sob o olhar
de uma criança. Quem adorava uma folia enquanto criança, vai se
identificar tanto com a alegria das vésperas quanto com a melancolia
das quartas-feiras de cinzas e se tratando de Clarice, a nostalgia
será certeira.No conto, a autora narra a sede de felicidade de quando
tinha 8 anos e se encantava com toda a exuberância do carnaval. Em
Recife, nesta época, a festa é garantida em seu tradicional
carnaval de rua. E é neste ambiente que vive essa pequena.
A visão jovial de uma festa tão grandiosa descrita por
Clarice é o que há de encantador e de triste ao mesmo tempo. Tendo
em vista que a mãe da menina estava acamada. E suas condições de
saúde se agravam no dia em que ela, por sorte, consegue se
caracterizar e tem a oportunidade de ir à essa festa. A autora cita
a alegria da menina que havia conseguido seu figurino a partir dos
restos da fantasia de sua amiga. Estava tão ansiosa pois era a
primeira vez que poderia se mostrar e se encantar com a dinâmica do
carnaval, estando inserida nela. No entanto, ao saber da situação
de sua mãe, a garota se ver em dúvida e desnorteada. Enfim, ela vai
e, mesmo preocupada com o drama familiar e a pressão que nela
exercia, observa com sensibilidade as cores, os enfeites e fantasias
que as pessoas por ali usavam.
Clarice descreve poeticamente as sensações sentidas e
suas concepções juvenis sobre essa festa popular e a maneira que as
pessoas se portavam. O dilema em que ela se sentia, ao se entregar a
folia apesar da doença de sua mãe, não a afastou da sensibilidade
e possibilidade de descrever o que sentia e o que gritava dentro de
si. Este conto faz parte do livro Felicidade Clandestina de Clarice
Lispector, Editora Rocco.
Mas e vocês, como está a folia ou decidiram por ficar em casa lendo também?
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