Meses atrás, Aline me convidou para colaborar periodicamente com o Uma Nerd Literária. Aceitei feliz, já que participar de um blog lindo ao lado de quem a gente gosta é maravilhoso. Mas, depois de algum tempo, me peguei encarando um problema:




Tem a ver com paixão.

Tem a ver com observar o que está na sua mente e perceber quando aquilo precisa ser colocado para fora. Veja bem, não é simplesmente deixar sair: é fazer aquilo ser entendido através de letras, de fonemas.

Escrever é tentar achar sentimentos, histórias e planos, criar uma coisa só e fortalecê-la. Alimentá-la, deixá-la crescer. Temos que nos livrar de um detalhe ou outro no meio do caminho, claro, e enfiar uma rebuscadinha no cocuruto de um lado, apaziguar a vidalouquice de outro. Depois dar aquela limpadinha, uma esfregadinha com a flanela e finalmente deixar ir.

E as nossas palavras VÃO. Se você usou as palavras corretas, aquela "coisa" que era só sua vai visitar outras cabeças. Talvez sua coisinha até leve as malas e passe a morar ali eternamente. Talvez monte acampamento no coração dos leitores.

É preciso ter sorte, porém, para a viagem das suas palavras dar certo. É possível ter que passar por alguns sacrifícios para arranjar a palavra certa no contexto certo. Às vezes não há acerto na sua língua e o jeito é recorrer a outros idiomas, you know? It happens. But sometimes apenas alguns neologismos (esses bonitolhosos) podem traduzir melhor as verdades criadas.
Às vezes os textos acabam sendo apenas um enorme tecido construído com palavras que não fazem qualquer coisa além de repetir o vazio. Acontece...

De todo modo, estamos aqui escrevendo. Tentando e tentando permitir que nossas palavras sejam entendidas. Porque, mesmo sendo incrivelmente difícil, escrever é o que nos motiva. É-nos natural. Compartilhar sonhos continua sendo o que une a todos nós - eu, vocês, os autores que enchem nossas estantes e os personagens que vivem em meio a isso tudo.

Escrever é difícil, sim. Mas é muito mais difícil passar pela vida sem escrever.